domingo, 27 de junho de 2010

Domingo


Tenho pressa,
ânsia do que não vive, domingos se arrastam
cigarros acabam, olho a janela
o dia parece um quadro
congelado, como minha palavras
frias, respiração
música ao longe
música lounge, me arrasto ao telefone
não estava tocando
ninguem, mudo e surdo, domingo.

Vida estática, intríseca
vinde a mim acasos!,
vinde a mim o marasmo
todos passam
relatam
eu não escuto
estaria eu absorto
anestesiado de sonhos
psicodélicos, paranóia, viagem.
Transcedendo...

Poderia eu fugir de mim?
este dia que poderia não existir
que diabos de sina
de encontrar-me sempre no chão
copo, cigarro, mão
o que me queima
desce rasgando a garganta
perfura o peito
me desobedece

domingo aquece
tarde lenta, palavras fogem
sinto-me mais próximo
do ponto de maior distância
do que faz nexo
do paradoxo das minhas
inquietudes, amplitude
de sentidos
do início e do fim.
___________________________
e de repente tocou
(I got a secret, i can't tell you) K. Nash.

4 comentários:

Teresa disse...

Gostei...

Marcelo R. Rezende disse...

Desses momentos que se retratados viram arte. AMO.

Arthur Gouveia disse...

é nessa hora que você lembra da segunda, seguinte. dia após dia, concretizando uma existência, sua existência.

nós que fazemos nossos domingos.

Marília Costa disse...

Rico em sentimento, gostei!
Te sigo!