sábado, 30 de janeiro de 2010
LISBON REVISITED (1923)
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul o mesmo da minha infância ,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
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O poema Lisbon Revisited (Lisboa Revisitada) (1923), de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, mostra um poeta cansado, rejeitando até as ciências e a civilização moderna, onde ele reclama o direito à solidão e à indiferença. Faz parte da terceira fase de Álvaro de Campos (fase pessimista).
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Paranóia delirante
Visões distorcidas...
Atrás de uma farinha loucura, na pane
Seqüencia dum papel
Não curto isso aí, mas tô ligado na parada que domina por aqui
Fumando um baseado, curtindo de leve
No pagode lá da área, eu tô esperto
No movimento que se segue, segue e vai
Eu vou levando, eu vou curtindo, até não dar mais
Tudo prossegue normal, até onde eu sei
Enquanto isso é a melhor cerveja que vem
Leva essa, traz mais uma e põe na conta
Tô sem dinheiro, tá valendo, eu tô a pampa
São várias delas passeando por aí... Mais e aí
No balançar, no psiu, dentinho vem a mim
Meu 71, sei que é bom, dá pra convencer
E essa noite, ai, meu Deus, eu vou comer
A fuleragem predomina, e rola solta
Um tititi, um auê, e aí... mas e aí
No goró eu viajei, já tomei demais
Paranóia delirante, eu tô na paz
Esquina, Paranóia delirante
Atrás de uma farinha loucura na pane
A esquina é perigosa, é atraente
Nossa, quanta gente, que movimento interessante
Um carro desce, o outro sobe
"Pro boite do Natal", pra onze esquinas da cohab 2
Todo mundo à vontade, aê cuidado,
Mano que é mano tá ligado
Chega como eu cheguei
Fica como eu fiquei (pisa como eu pisei)
Faz como eu fiz, eu sou o Xis
Então me diz, Cássia Eller, diz pra mim
Me cita qual que é dessas esquinas que existem por aí
São todas nóias delirantes
Ou estão naquela nossa paz? Devagar e sempre
Em toda área tem um otário que quer mais
"botar pra frente"
Resolver a diferença, acabar com aquela treta
Eu vou pedir mais uma "breja"
Eu tô na paz, vou colar naquela preta
Chega de morte, de tiro
Tô fora dessa "puli"
Já tô fudido, estado crítico
E aí randal tudo igual ? deixa comigo
Puxa uma cadeira, traz seu corpo e senta aí... eu tô aí
Pega o dominó e faz um dez que eu vou ali... eu tô aqui
Encara aquele apê de logo mais com aquela mina... certo
O meu esquema preferido da esquina
Esquina, paranóia delirante, eu tô na paz
Atrás de uma farinha loucura, na pane
Esquinas com os mano sempre em frente
Sexta sempre em frente
Sábado, domingo, como sempre
O que vou fazer? e aí fazer o quê?
Segunda, terça, quarta, quinta, não é diferente
Dentinho, preto original
Eu sou mais um mano de idéia
Só mexo com a pá e pum
Virei terror, a rima é minha bomba
Meu território é o lado leste
E a gente se encontra... eu tô aí
Pode chegar, a esquina é o meu lugar
Rei, eu quero é mais
Sou uma aliado do meu povo
Periferia em paz
Eu tô na paz
4D paz .
domingo, 17 de janeiro de 2010
Jeff seu fudido te falei pra você não fazer isso outra vez!
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Complicated to hate!
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Voe...
Cazuza
Composição: Cazuza / Ezequiel Neves / Reinaldo AriasCodinome Beija-flor
Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...
Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor
Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor
Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador
Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
domingo, 10 de janeiro de 2010
Vinho?
Cazuza
Composição: Cazuza / João Rebouças / Rogério MeandaO teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa
Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa
Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
I'm the highway
seria mesmo um sonho?
ou um pesadelo
na eterna fuga do medo
de sentimentos
porque eu busco uma forma pedrificada
de ser neutro
buscaria forma irregular
não olhe bem fundo pois
sou uma inconstante
uma estrada aparentemente
calma
mais deserta
onde folhagens secas
acariciam sua superficie
sem nenhuma pretensão
os que por ela passaram talvez nem lembrem
do percurso
mas eu já não sei
ou talvez nunca soube mesmo
quem vai ficar
e quem vai partir
e eu,
a espero
sigo nu silêncio
talvez uma espera mortal
se eu não desistir no meio
do caminho
continuarei
calado
sentindo
e pulsando
tudo vivo
ainda...