quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O que resta somos nós.

                 No meu silêncio cabe todo barulho do mundo, no meu "não é nada" cabe todas razões e explicações possíveis, na minha suposta ausência de sentimento cabe todas lágrimas e dores mundanas, é uma forma de sobreviver, vou me esquivando ao máximo mesmo mergulhando com tudo, nego-me ao mesmo tempo que pulo de um precipício sem nem hesitar.
                 Quanto mais neguei a ausência se fez presente e então chorei, chorei como uma criança, quando mais dei as costas e fingi estar bem mas me entreguei a uma dor tão profunda e cortante, dizem que o que não tem jeito remediado está, mas deve ser um remediado a efeito placebo, ou então um tratamento homeopático, nada satisfaz nem muda, a realidade está exposta, não sei lidar com a morte, simplesmente me nego a acreditar que a pessoa não existe mais, me vem uma vontade de ligar, de ir na casa, de sair louco no mundo a procurar até achá-la, eu me nego acreditar que o fim seja um buraco escroto e qualquer com terra por cima, como um animal qualquer, eu me nego a viver sabendo que o trágico final nosso será sucumbir ao nada, cético como sou eu não quero planos pós vida apenas uma garantia de onde estas pessoas estão, eu vou encontrá-las? Eu sei que não terei estas respostas eu sei que terei que me conformar com esta incógnita, quando falam aqueles blá blá blás de religiões e pós vida sempre dava as costas eu sempre acreditei que eu era eterno, um superman, uma exceção a vida humana,então quando tenho experiências como a morte de alguém próximo entro em total desespero, o choque da rapidez como a morte chega sem avisar e como a vida se acaba com um simples suspiro me apavora, a ligações que são cortadas, as palavras que não são ditas e para sempre estarão silenciadas, o que fica para trás, sem consolo, sem remédio, sem jeito.
                 Desolados continuamos vivendo, mergulhando em perguntas nunca respondidas, nem a ciência nem religião, nem a mais tenra fé poderia ser capaz de silenciar a angustia deflagrada, recebida a queima roupa, estamos sós, totalmente a sós, o amor a amizade, as pessoas podem até amenizar a dor mais nunca cessa-la, o que resta somos nós, vivos? Mortos? Mortos em partes, é a realidade dura e fria na nossa cara, nos dizendo ao acordar que cada minuto pode ser o último e nem todo tempo do mundo seria suficiente para explanar a vontade de viver diante da morte, o que resta somos nós, cronologicamente fadados ao fim, sem razão sem por quê, viver se tornou uma jornada triste e silenciosa desde então, os risos nunca deixarão meu rosto em contrapartida essa angustia sempre terá lugar cativo no meu peito, o que resta sou eu, disfarçando esse sentimento, ocupando minha mente, varrendo os sentimentos ruins para debaixo do tapete, lugar de onde nunca sairá, porque por mais que eu siga adiante ele estará aqui, as vezes embaixo do tapete outras do travesseiro, e quando eu deitar ele estará lá me incomodando, o que resta então  é mais um xícara de café pra começar o dia e uma cachaça pra terminar, eu posso guiar-me à luz do sol e da lua durante os dias, mas na vida meu caro, na vida a luz é uma só, é torcer pra sempre estar iluminado, e aceitar que cedo ou tarde essa luz irá se apagar, assim sem dar satisfações, sem mais ou menos, o que resta somos nós criando maneiras de nos distrairmos e não repararmos quando de repente escurecer.

                                                                *Texto dedicado ao meu pai falecido no dia 23/11/13

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Das dores diárias...

        Chega um determinado tempo que você simplesmente se adapta a dor, que vira algo até rotineiro, todos os dias ela está com você, as vezes você chega a nem percebe-la mais, talvez seja por isso que o digam que o tempo cura tudo, cura? Ou ajuda a nos acostumarmos de uma forma que não sentimos mais?!
         Sabe aquele dia que você acorda mais não quer acordar? Aquele que você abre os olhos e pensa "droga acordei que merda!" Então você se levanta já pensando em tudo que vai ter que suportar pra passar por mais um dia. De tanto ri sem graça ao dar bom dia forçados, acaba internalizando uma forma de ser superficial, é como se de tantos esporros já estivesse calejado, hoje permiti me falar do que incomoda, porque não está exposto na vitrine não quer dizer que não exista, aquele sentimento que você carrega como uma mochila, você pode esconder mas não pode negá-la, hoje parece que sofrer por qualquer coisa é proibido, você não pode sentir-se triste com nada, os avisos dizem "sorria você está sendo filmado", talvez você possa até maquiar seu sofrimento através da raiva, do ódio, porque odiar é bem mais "normal" que sentir-se triste, como já disse Alanis uma vez, que a raiva era uma extensão covarde da tristeza. No meu caso, a sujeira embaixo do tapete as vezes chega a um ponto que não tenho como negá-la, ou encaro de frente ou a passagem sob o tapete fica impossível, eu não sou uma pessoa negativa, tenho me considerado neutro em vários âmbitos, tento ser realista, eu sou bem humorado, mas poxa as vezes cansa encarar tudo de uma forma positiva, não seria melhor simplesmente aceitar que algumas coisas não dão mesmo certo nem darão, aceitar e seguir com sua frustração a tiracolo? As vezes parece mais importante na vida a forma como lidamos com nossas dores diárias, do que como nos livramos delas, na era dos sentimentos efêmeros quase ninguém assume sentir-se triste por muito tempo por algo sem se enquadrar em alguma depressão ou sem receber aquele olhar preocupado de alguém próximo, parece anormal sentir-se triste, como se felicidade verdadeira fosse algo vendido no comércio da esquina, ou como se houvesse bastantes motivos para sermos felizes em meio a tanta desigualdade e injustiça no mundo, a minha felicidades além de egoísta seria falsa como uma Chanel comprada em um camelô ali da esquina, eu prefiro acreditar que quanto mais eu mastigo minha dor, mais fácil fica pra digeri-la, talvez seja o que falte atualmente mastigarmos melhor nossas dores, encará-las de frente e dizer "e aí qual é?!" até por quê chega a um momento que é você ou ela, e acredite as dores sufocam, as dores cegam, estagnam você em um patamar que quanto mais você fingir que ela não existe mais você se afunda nesta areia movediça, o jeito mesmo é garfa-la, pô-la na boca e mastiga-la com todos os dentes e línguas, saborear todas suas facetas até que ela suma, no sumo dos sabores já conhecidos, o azedo e o amargo só precisam serem adaptados ao nosso paladar, e com o tempo o que antes irritava, causava ânsia de vômito, amanhã poderá descer facilmente goela a baixo sem ser nem notado, é mais fácil engolir algo quando se conhece bem seu sabor e não quando o renega no prato, ele continua no prato, até apodrecer.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Guerra de braço.

   Eu sempre odiei competições, era sempre o que sobrava na educação física porque ninguém queria me escolher, até aí tudo bem, eu era péssimo no futebol mesmo, minha primeira grande paixão foi por alguém que preferiu ter outra pessoa como sua grande paixão, cresci e as derrotas se alastraram por vários campos da minha vida, bem meio que fui me acostumando com as percas diárias, amores, empregos etc... chegou a um ponto de não fazer a mínima diferença perder ou ganhar, aliás quando eu tinha essa sensação de vitória era sempre estranho, fugia do habitual, eu sempre me derreti muito fácil a elogios mesmo não sabendo como agir diante deles, bem mais o ponto que quero chegar mesmo é será que tudo na vida faz  parte de algum jogo? Estamos nós todos querendo provar algo?
     Por que me sinto tão ligado a escolhas que parecem mais batalhas onde no final alguém vai ter que triunfar, veio então o namoro, eu como nunca acostumado, mais uma vez meti meus pés pelas mãos bonitinho, ciumento e possessivo, me agarra a minha única conquista até então com unhas e dentes, no entanto idealizei toda perfeição não humana que não havia em mim em outra pessoa, e claro quer quando fazemos caímos do cavalo, digo se eu mesmo o rei das gafes e dos derrotados exibia meus defeitos como uma coroa por que então a perfeição haveria de vir do externo?! Foi quando eu aprendi que mesmo quando competia pra ganhar e "ganhava" eu perdia, estava lá eu exatamente no meu pedestal, onde eu queria está, mas não havia nenhuma glória nisso, ao contrário essas vitórias não me traziam nenhuma satisfação, disso sairia até uma ótima letra daqueles pagodes bem mela cueca tipo raça negra,.
       Fiquei sozinho parte ...(um trilhão de vezes), desculpem o drama mas me agrada rir nem que seja das minhas desgraças, sou uma pessoa muito indecisa, nunca escolho o lugar para onde ir com amigos, nunca dou pitaco no rumo das coisas e acho que estou pagando bonito por seguir o conselho a lá Zeca Pagodinho, tipo deixa a vida me levar, ou seria deixa a vida me fuder?! Mas seria mesmo culpa do acaso? Se ao negar escolhas bobas exigia escolhas impecáveis do outro, fui aprendendo que por mais que eu me esforce em ser bom eu só poderia pedir isso de mim mesmo e de mais ninguém! De rei dos "losers" eu passei a me ver como outro tipo de rei, aquele que sabe bem trapacear, trapacear a si mesmo, negava o que queria não por não querer e sim pelo medo do risco que aquilo me traria de ser feliz, da vergonha de dizer que estava errado, do risco de ter coisas que nunca tive, e tive por um longo determinado tempo, eu tive, e foi tão estranho essa sensação de gozo e prazer que fui lá mais uma vez e me sabotei, eu não gostava competições mas eu as criava a todo instante, percebi que eu mesmo tornava tudo uma guerra de braço, era tudo ou nada, era sempre ou nunca mais, palavras tão fortes sendo usadas por alguém tão indeciso como eu, palavras que não cabem a um jogo, muito menos a uma guerra de braço, nunca e sempre eram apenas estados imutáveis não cabíveis a serem mutáveis como nós, o que ontem eu não faria nunca hoje talvez eu faria sempre e assim por diante, seria bom se pudéssemos excluir certas palavras do nosso vocabulário, com certeza estas seriam as minhas primeiras a serem excluídas, a vida é essa incógnita louca e todos nós sabemos disso e bla bla bla, não há como saber o que vai acontecer daqui a um segundo, porque usar então expressões tão deterministas assim?! Aí caiu a ficha que minha maior briga não seria com ninguém, muito menos com o mundo e sim comigo mesmo, quem sabe quando eu me sabotar menos e me permitir mais, quem sabe quando eu não troque tudo por nada tão facilmente, quando fizer escolhas justas a o que eu quero e desejo sem prejudicar o outro lado e seus desejos e anseios, quem sabe a lição não seja não jogar, e sim negociar, agarrarei-me ao nada pelo medo da derrota e acabei perdendo tudo e só então eu percebi o real sentido da frase "mais vale um pássaro na mão que dois voando", pensei em nunca mais acreditar nas pessoas nem nos relacionamentos, mas volto atrás e faço uma ressalva, pode ser que seja mesmo uma queda de braço, um jogo ou seja lá como você queira chamar, a graça de tudo não estar em ganhar ou perder e sim na satisfação que você terá nisso, ou aprendizado, clichê não é?! Talvez você perceba como eu que devemos ser mais flexíveis, relaxar mais com indagações sem respostas, ou não, mas algo é certo que se você não chegar a esta conclusão o tempo o fará.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

De quem é a culpa?!

Seres humanos estão sempre negando suas culpas, e quando digo isso incluo a mim mesmo. Parece inevitável negar uma falha de primeira, estamos tão intimamente ligados a um conceito de perfeição, porque não há uma aceitação de sermos falhos e não negamos tudo que seja tido como errado, não seria mais fácil simplesmente assumirmos nossas falhas e aprendermos com elas?! Existe até uma teoria que a aprendizagem também é produto do ensaio-erro, então quantos erros seriam necessários para ter um acerto? Me sinto de volta ao ensino médio, é como se tudo fosse novo é tão simples quando não cobramos tanto assim de nós mesmos, mas todos morrem de medo das frases mortais "errei, fiz merda, cometi uma gafe, troquei os nomes, peguei a rua errada, atrasei por atrasar e não tenho nenhuma outra justificativa a não ser a alta de responsabilidade..." dentre outras, deveria eu ser excomungado por ter dormido demais e esquecido aquele trabalho? E quando os erros são justificados por uma satisfação pessoal conta?! Por que raios nos escondemos da responsabilidade de errar? O que há de mal nisso? Voltando ao início percebi que sempre assumia minha culpa com uma condição que ela se justificasse, eu era o vilão e rapidamente me tornava vítima, pronto todos voltariam a me amar se eu justificasse meus erros sendo vítima de algo externo, mais uma vez jogando a culpa pra fora, culpa, por que tememos tanto ser réu? A ditadura da culpa nos guia nos nossos comportamentos, relacionamentos e até mesmo na nossa aparência, foi aquele pedaço de lasanha que agora corrói minha consciência e me diz que devo passar uma semana em uma dieta a pão e água, foi aquele favor que eu neguei a um amigo por ser egoísta demais e ter dito que estava ocupado quando na verdade não tinha nada pra fazer, pessoas tem medo de dizerem que de vez em quando são egoístas, que sentem aquela pontada de inveja do amigo que tá no mestrado enquanto você ainda corre atrás de um estágio da faculdade, mas o que há de tal mal em algo que nos finda apenas como ser humano?! Afinal não é uma inveja que venha de um desejo que ele se deu bem e você "mal" será que não seria apenas uma vontade de chegar onde ele chegou?! Mas de quem é a culpa dele ter chegado mais rápido e você não?! Não seria sua mesmo?! São tantos conceitos que comemos diariamente e que constroem o nosso pensar e o nosso jeitinho tão "original" de ser, outras pessoas justificam como personalidade forte sua arrogância mais uma vez fugindo da culpa, fugindo e não chegando a lugar algum, e se nos sentíssemos culpados? Haveria tanta fome se os políticos se sentissem culpados pela corrupção?! Talvez a mudança venha com esse encaramento dessa característica que é sua,  de um erro seu, somente seu e que ninguém é obrigado a conviver com isso, a culpa ser do outro não te faz ter acertado, você também não precisa conviver com as falhas alheias você se sente culpado quando alguém erra? falhas são falhas todos nós cometemos e a priori nem você nem o outro viverão isolados então como conseguiríamos deixar de lado embates tão cansativos mas que não levam a lugar algum? Assumir erros não muda seu erro ele continua lá, exposto, te cutucando, puxando seu lençol a noite e é isso a vantagem de saber que o erro é seu, não voltar a comete-los, quanto mais encaramos nossas falhas mais temos consciência de como perdemos algo com elas, nos livrar da culpa sacia o ego, mantém sua pose de intocável, mas te mantém preso num altar de areia sem nenhuma raiz, quanto mais alto você chega mais fácil e dolorosa é a queda, a pior culpa é aquela que não assumimos, são os erros que negamos mas que no fundo sabemos que estão lá podemos até nos esquecermos dele, mas ele jamais se esquecerá de você quando retornar, pessoas que não erram não existem, desista, a liberdade vem quando erramos para acertar e não quando jogamos a culpa em qualquer outra coisa, é mais fácil assumir e tentar mudar a rota na próxima vez que varrer tudo pra baixo do tapete e continuar com a casa aparentemente limpa, mas lembre-se a sujeira continuará lá debaixo do tapete você querendo ou não.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Por que escrevo?

Escrevo nem sei porque, escrevo porque é a melhor forma de por tudo pra fora sem nenhuma objeção, escrevo pra ninguém, escrevo pra mim, escrevo por não abarcar tudo que sinto aqui dentro, pra aliviar a agonia de 'ser', escrevo sem razões, escrevo e descrevo, analiso.
Transponho o que meus olhos veem e o que a pele sente, o que aguça meus sentidos, o que repele a alma, delírios sóbrios e nem sempre significantes,  escrevo pra fixar o que penso, pensamentos que voam, escrevo pra soltar as correntes dos pensamentos que pesam.
Não há razões convincentes para o que sinto, essa negação toda, esse ar de não ter pretensão alguma, escrevo para me convencer de que quando digo que não me importo na verdade me importo muito, quando foco no nada mas estou querendo tudo, quando inverto as intenções dos objetivos, quando rejeito e e continuo a esperar, quando essa ânsia por liberdade na verdade é uma busca por uma prisão que satisfaça algum desejo já renegado, não consigo dizer o obvio prefiro o caminho mais tortuoso como uma forma de provar à mim mesmo que consigo dizer não, após tanto tempo de apenas 'servir' há horas que corre gana de libertar mesmo querendo prender. É como se fosse uma infinita vontade de birrar contra o mundo, de ir contra, é como se essa Maria aqui não fosse com as outras não porque não quer ir e sim só pra fazer a desfeita, não me importo com julgamentos apesar de me desapontar muito ser mal interpretado mais no fundo só respeito quem consegue me ler bem, é como não dar a pista certa para charada e sim alimentar a ilusão da falsa interpretação, é como mesmo querendo que você vença eu te dou todo apoio necessário pra que você perca, quando quem perde sou eu, invento regras ralas pra um jogo falho, talvez seja apenas uma satisfação egoísta criada a partir do que me foi negado, "agora quem nega sou eu"(?) Mas por que tal capricho que leva a minha própria queda? Ou será que estou finalmente me levantando? Preciso da solidão pois ela ascende luzes intensas no fim do meu túnel, ironicamente é na escuridão que me leio melhor, vejo as arestas de sentimentos rebuscados, transcrevo em palavras um manual intraduzível de "fácil entendimento"(?) Porque na verdade nada é de fácil entendimento e qualquer manual sobre alguém não será um manual, não existem dicas de entender alguém principalmente quando você não passa pelas mesmas experiências que a tal pessoa, não há como ver com os mesmos olhos sentimentos, nem sensações, isto é único de cada um, talvez eu escreva pra tentar achar o quebra cabeça que se encaixe no que penso, ou talvez eu apenas anseio por alguém que esteja afim de pagar pela aposta e não desistir facilmente mesmo eu o levando a desistência. Os motivos talvez nunca saberei, mas continuarei escrevendo, como um "Decifra-me ou te devoro" continuo escrevendo pois quem sabe assim um dia terá fim a sina de devorar, continuarei escrevendo pois a resposta também está meio as indagações.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A 'manhã' é sendo.

Parece me que funciono melhor pelas manhã, o ônibus, fones de ouvido, óculos escuros, já falei o quanto eu gosto de usar óculos escuros?! Quando era pequeno acreditava que meu lençol me protegia do "bicho papão" como se fosse uma manta protetora de todos os males, bem, meu óculos tem essa função hoje em dia, fora o prazer que tenho de não encarar toda negatividade matinal exposta naturalmente, por que apesar de amar esse horário da manhã eu também tenho meu mal humor básico. Onipotência total esse horário, parece-me que tudo é possível, é a única hora do dia em que consigo ser otimista, o vento frio o sol aparecendo aos poucos, a fumaça do café quente saindo da xícara, os dias geralmente são lentos após as 10 da manhã por isso eu adoro o período de 5 horas até lá, é rápido e agradável, de certo que minhas olheiras não me incomodam muito, nem meu cabelo fora do lugar, nem os olhares das pessoas, a manhã tem toda uma atitude "foda-se acabei de acordar", sem a neura toda da noite, na noite se instalam as dúvidas e oh que dúvidas, a noite é propícia à muitas possibilidades, gosto da despretensão da manhã, não gosto de nada que pese sobre a leveza das minhas asas só o ar deve ser presente, a noite instiga, transforma, parece que a noite você é pedaço ou peça de quebra-cabeça, na manhã não, você é inteiro, não vejo telejornais pois detesto, eu prefiro a minha visão das coisas, como eu traduzo e dou significado a cada coisa, sou autor do meu horoscopo, digo o que me dá sorte ou não e manhãs me dão sorte, já que eu não posso dar significado ao que as pessoas fazem porque quase sempre estão a me dizer que estou sendo paranoico, dou significado as coisas, as horas, e ao clima do ambiente que me rodeia,  significado à promessas idiotas como as tipo "se aquele pássaro voar do fio agora dobro nessa rua se não continuarei seguindo reto..." dizem que não há acaso, mas eu deixo ao acaso minhas manhãs decidem muitas vezes toda minha vida, quantos "pra sempre agora isso" quantos "nunca mais farei aquilo" ainda serão necessários para não me permitir certas correntes?! Correntes que prendem, correntezas que me carregam, entre estas plumas das minhas asas e as bolas de aço amarradas aos meus pés, sigo hora voando, hora arrastando o peso de ser o que já fui, na loucura de não saber o que se irá ser, nas manhãs sou melhor, acredito que sou melhor que fui a noite, a noite trás o lado negro a tona, o assassino dos desejos, na manhã não há desejo, tudo é barganha, um dia irei conciliar percas e ganhos numa linha tênue, até lá viverei os extremos da minha bipolaridade, do voar tão alto sem ser tocado pela realidade, da punição extrema das escolhas erradas e de voltar tantas casas nesse tabuleiro por jogar o dado do lado errado, sem saber, por ser agora, de ser momento, por acreditar que as escolhas erradas me fizeram melhor, por acreditar que por mais loucas que sejam minhas teorias, no final elas se provaram certas, por sempre seguir beirando a sorte, por ficar a espreita das migalhas só para poder renunciá-las, provarei algum dia que estive certo o tempo todo por mais insana que seja minha explicação não precisarei de agradecimentos pois já estarei longe, no mais ainda é manhã, mas agora eu sou manhã, então deixe-me brilhar até o sol se por.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A falta e a posse.

Dessa ansiedade toda de amar eu não tiro nem levo nada, ao contrário ela me subtrai tudo, desde as esperanças até mesmo o reparo e o zelo no olhar do presente. Essa vontade toda de viver aquilo que não conheço e destas lembranças futuras guardadas e almejadas com tanto esmero, do que será feito o amanhã se nem mesmo consigo viver o agora?! Antes a vida era olhar o horizonte pela janela e imaginar tudo que devia haver além deste mesmo horizonte, hoje é mais sobre sentir o vento na janela e suas carícias, foi quando eu parei de imaginar e comecei a reparar que podia sentir ao envolto do corpo, o que deixa de ser eu mas continua fazendo parte de mim, "chega de anseios!" disse ao espelho, os olhos seriam o guia, o tato meu alerta, todos meus sentidos voltados ao que se é, nada mais deixou de ser, nem seria, além do mais fechei as cortinas pro horizonte, criei o além do horizonte mesmo sem ter ido lá ver, o refiz todo aqui como eu queria. O tempo e seu tic-tac martelando como um alarme, das tripas que fiz meu coração, desfiz e fiz corda de balanço, pendurei esperanças no quintal, desfiz expectativas, joguei todas fora no lixo, priorizei as perspectivas do olhar e dos sentidos, fui e sou mas nunca serei, se já não posso me lançar ao futuro dos sonhos agarro-me somente a realidade do presente, que me presenteia com instantes ora de agonia ora de risos estranhos e estridentes, voluptuosidade das sensações vividas no momento em que se fala, que se olha antes do encerramento da respiração, tudo virou instante, que se perduram em ciclos, roda, ciranda de sensações, espreito-me para alusão dos batimentos cardíacos das minhas emoções, refiro me a elas como batimentos cardíacos pois elas são vitais para mim tais como, mudam seu ritmo pela manhã consoante ao bailar doce da fumaça do café, a tarde repousa como sono pós almoço, a noite aguçam a sede da libidinagem noturna, da conquista receosa do que ainda não se conheceu, mas agora que serás de mim sem projetar? A resposta seria um projeto torto e inacabado, mais esta é a graça de tudo que não está acabado, é a falta da peça chave, sempre faltará, que não me faltes agora a sua falta, que não me falte a ausência de algo, pois é ela que me sustenta, a falta e não sua descoberta, não eu ficar me martirizando em como a peça é ou vai ser, ou qual peça seria esta a faltar, não, não adianta que eu não quero mais saber o que virá e quais peças virão ou não, bailo no acaso do presente e refaço com a falta do que ainda não possuo, pois dentre o que não possuo sobra tudo aquilo que já tenho, descubro que o que já me basta é tudo isso as vitórias já conquistadas e as batalhas que ainda virão mesmo sem a certeza da vitória ou se será taça, medalha ou o que quer que seja o prêmio, é tudo uma questão de ser, tendo-se ou não, pertencendo-se ou não, seja, padecendo-se ou não.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dentro da gaiola.

Este corpo nada mais é que uma gaiola, sem saída, aprisiona algo abstrato cujo jamais poderia descrever, nem mesmo no meu maior delírio criativo poderia explicar o que se passa dentro desta jaula, as vezes sinto como se tivesse um ser minúsculo dentro da minha cabeça controlando tudo, ou algum ser desconhecido que inventou este corpo e me enviou para analisar este mundo, vejo tudo, observo mas compreendo pouquíssimas coisas, recentemente percebo que consigo mais organizar as coisas dentro dessa gaiola sem externar nada, poucas vezes consigo traduzir o que acontece por dentro. E lá vou eu aprendendo outra vez a andar, dia pós dia, pondo a carruagem pra andar, dessa vez sem por o carro frente aos bois, enquanto controlo uma tempestade por dentro disfarçando com uma expressão serena e calma por fora, a jaula vira disfarce, caminho entre as pessoas, extraio alguma diversão é o ponto onde tudo se confunde, qual o preço desse entretenimento, quanto vale a distração das coisas e a perca preciosa do tempo, desperdiço-me dentro desta gaiola, a previsão do fim torna tudo mais angustiante, um tic tac rola dentro da sala de visitas da minha cabeça, vazia e assustadora espera. Já avistei uma certa troca de valores em todas as relações existentes, nada é de graça por aqui, humanos e suas 'humanisses' ou seria desumanidades? A gaiola que prende e aprisiona você, diferentes celas e engradados, selvageria gritante, magnetismo corporal?! A noite tem todo um aspecto diferente para os corpos que se atraem, o clima matinal que morre dá lugar à um desejo animal, caça, presas, tudo vira um jogo de perdas e ganhos, a noite dita regras que só são reveladas pra jogadores que pertencem à ela, e como verbalizar tudo que vemos e sentimos e como traduzir em códigos legíveis toda insanidade dentro de nós, tudo aquilo que me parece tão normal pra mim e tão fora do comum ao outro, a aceitação dos instintos, o que vai cessar toda esta agonia de viver? seria o encontro de algo sobrenatural ou seria o fim e a possibilidade de uma vida pós vida? Segue tudo numa sequência de questionamentos sem respostas, o corpo que dança e caminha sobre uma corda bamba chamada acaso, alguns contam com algo chamado sorte, enquanto uma inteligência artificial e criada pelos seus ancestrais e repassada fazem alguns acreditarem ora em um Deus, um ser superior fora do entendimento humano, ora no saber do próprio homem, no cientificamente provável por ele mesmo, mas quem será que provará a certeza de tudo que não se prova dentre nós, todas as conexões, atalhos, sentimentos, as lágrimas que soam como óleo nessas engrenagens, por que não ser tão mecanicamente, mera logística matemática vida?! Por que essas perguntas ainda sem resposta? Essa linha vivida, estrada habitada por personagem mutáveis que tanto mudam suas faces e falas? entre pessoas que vem e que vão, entre esta coletânea de dúvidas vou seguindo com a extrema certeza de não ter certeza, aprisionado sim, imutável nunca! Já que não consigo descrever o que há dentro ora pois ele terá então a forma que quiser, você pode rotular como quiser a gaiola mais jamais decifrar o tipo de 'animal' que a habita, este poucos irão saber enxergar e ver além da gaiola, por trás das grades é que realmente existe um eu.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Porque me perco.

Nos perdemos pouco a pouco cada dia, de repente passamos dos 20 anos, não sabemos mais o que fazer, afinal era tudo tão simples na infância e na adolescência, aí crescemos e não sabemos mais de nada, cadê aquela arrogância juvenil? De afirmar que tudo sabe, de ter uma opinião para tudo? você cresce e parece que "desaprende" medo de opinar, medo de tentar, não sabe nem escolher uma profissão, trágico! Nos perdemos em um vasto mundo de teorias, no mundo onde tudo tem bula parece que já foi tudo vivido antes, qualquer dúvida ou pensamento já foi esclarecido antes, você é assim por causa disto ou daquilo, você não pode ser assim, você deve seguir isto, me perco todo dia meio a isso tudo, sinto muito medo das expectativas dos demais, da platéia perfeccionista, dos críticos que clamam por autenticidade, voraz, me perco nas minhas decisões, mudo de rua só por mudar, gosto de algumas coisas só por gostar, e daí se eu não sei descrever a sensação que aquele quadro me causa, e que isso não signifique que ele não me cause nada, posso ponderar antes de descrever? posso ter um tempo para levantar as palavras corretas? poderei falar sem me importar? sem réplicas? pedir um tempo do mundo seria ótimo, até mesmo nesse ciclo de clichês, vai ter sempre alguém pra duvidar da sua conduta acredite, vai haver também um texto bem bonitinho de auto ajuda, você ainda pode recorrer aos "Augustos Curys" da vida, mas qual o problema em estar perdido? Talvez essa perca de sentido cause um sentido, no fim quem vai saber, quem vai dizer se sua conduta na vida foi errada?! e se foi quem se importa?! O que importa mesmo é você ter gozado no meio da conduta, errada ou não, clichê ou não, dá uma agonia receber tudo mastigado, são tantas pessoas explicando as emoções antes mesmo de senti-las, não quero manuais droga! Quero ficar assim, perdido por que a perca parece o nível certo para descobrirmos, talvez, o que realmente queremos, e o que realmente eu quero? Essa pergunta que esta adesivada a séculos na frente do espelho, que eu encaro a todo tempo nos conselhos da minha mãe, o que mais aflige é saber que ainda nem sei, me sinto tão velho e dizem que ainda tenho uma vida toda pela frente, eu não quero me apegar a esta vida vida toda pela frente, queria menos uma vida toda agora, nesse momento, enquanto o mundo continua a produzir cartilhas eu fico olhando a chuva pela janela o barulho dos trovões, a luminosidade dos relâmpagos, totalmente disperso, deixem-me aqui, não peço nada, não quero nada, cresci para a perca e não para solucionar nada, nem achar nada, cresci e não sei por onde andar, e esta aí a maior graça das graças deixem-me perdido mesmo, não quero me achar em nenhuma coisa pré- produzida, pré-fabricada, não sei do que preciso nem pra onde vou, nem se quero ir ou ficar, sei também que não quero guias, e se amanhã eu souber dos caminhos a seguir eu seguirei, mas agora eu só quero não ter que seguir nada sem vontade, absorvo as dúvidas e me sinto bem eu sei bem lá no fundo que todos estão perdidos também, apenas se confortam com uma pose de certeza de alguma coisa, afirmam e batem seus martelos, muito deles nunca pagam pelas suas escolhas e eu sempre pago pela dúvida e isso sim é algo que eu posso afirmar ser a maior injustiça do mundo, me deram dúvidas não falaram da pseudo-obrigação de ter que acabar com elas, pseudo porque não se acabam com elas, nós somos elas, só existe a certeza do instante em que vivemos, até mesmo o passado pode produzir dúvida, e o futuro é dúvida total, então neste momento eu sei que perdido estou, mas nem por isso eu seja menos feliz que os demais, talvez eu tranque meu curso mude de curso próximo de me formar, e daí?! Não procuro sentido em tudo, a busca em si tem sido muito mais interessante, não quero pontos finais, explicações, me dou muito bem com minhas interrogações, sou muito feliz com minhas partes incompletas, a falta da certeza talvez seja minha maior carta na manga, não duvide disso, rs.