quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Porque me perco.

Nos perdemos pouco a pouco cada dia, de repente passamos dos 20 anos, não sabemos mais o que fazer, afinal era tudo tão simples na infância e na adolescência, aí crescemos e não sabemos mais de nada, cadê aquela arrogância juvenil? De afirmar que tudo sabe, de ter uma opinião para tudo? você cresce e parece que "desaprende" medo de opinar, medo de tentar, não sabe nem escolher uma profissão, trágico! Nos perdemos em um vasto mundo de teorias, no mundo onde tudo tem bula parece que já foi tudo vivido antes, qualquer dúvida ou pensamento já foi esclarecido antes, você é assim por causa disto ou daquilo, você não pode ser assim, você deve seguir isto, me perco todo dia meio a isso tudo, sinto muito medo das expectativas dos demais, da platéia perfeccionista, dos críticos que clamam por autenticidade, voraz, me perco nas minhas decisões, mudo de rua só por mudar, gosto de algumas coisas só por gostar, e daí se eu não sei descrever a sensação que aquele quadro me causa, e que isso não signifique que ele não me cause nada, posso ponderar antes de descrever? posso ter um tempo para levantar as palavras corretas? poderei falar sem me importar? sem réplicas? pedir um tempo do mundo seria ótimo, até mesmo nesse ciclo de clichês, vai ter sempre alguém pra duvidar da sua conduta acredite, vai haver também um texto bem bonitinho de auto ajuda, você ainda pode recorrer aos "Augustos Curys" da vida, mas qual o problema em estar perdido? Talvez essa perca de sentido cause um sentido, no fim quem vai saber, quem vai dizer se sua conduta na vida foi errada?! e se foi quem se importa?! O que importa mesmo é você ter gozado no meio da conduta, errada ou não, clichê ou não, dá uma agonia receber tudo mastigado, são tantas pessoas explicando as emoções antes mesmo de senti-las, não quero manuais droga! Quero ficar assim, perdido por que a perca parece o nível certo para descobrirmos, talvez, o que realmente queremos, e o que realmente eu quero? Essa pergunta que esta adesivada a séculos na frente do espelho, que eu encaro a todo tempo nos conselhos da minha mãe, o que mais aflige é saber que ainda nem sei, me sinto tão velho e dizem que ainda tenho uma vida toda pela frente, eu não quero me apegar a esta vida vida toda pela frente, queria menos uma vida toda agora, nesse momento, enquanto o mundo continua a produzir cartilhas eu fico olhando a chuva pela janela o barulho dos trovões, a luminosidade dos relâmpagos, totalmente disperso, deixem-me aqui, não peço nada, não quero nada, cresci para a perca e não para solucionar nada, nem achar nada, cresci e não sei por onde andar, e esta aí a maior graça das graças deixem-me perdido mesmo, não quero me achar em nenhuma coisa pré- produzida, pré-fabricada, não sei do que preciso nem pra onde vou, nem se quero ir ou ficar, sei também que não quero guias, e se amanhã eu souber dos caminhos a seguir eu seguirei, mas agora eu só quero não ter que seguir nada sem vontade, absorvo as dúvidas e me sinto bem eu sei bem lá no fundo que todos estão perdidos também, apenas se confortam com uma pose de certeza de alguma coisa, afirmam e batem seus martelos, muito deles nunca pagam pelas suas escolhas e eu sempre pago pela dúvida e isso sim é algo que eu posso afirmar ser a maior injustiça do mundo, me deram dúvidas não falaram da pseudo-obrigação de ter que acabar com elas, pseudo porque não se acabam com elas, nós somos elas, só existe a certeza do instante em que vivemos, até mesmo o passado pode produzir dúvida, e o futuro é dúvida total, então neste momento eu sei que perdido estou, mas nem por isso eu seja menos feliz que os demais, talvez eu tranque meu curso mude de curso próximo de me formar, e daí?! Não procuro sentido em tudo, a busca em si tem sido muito mais interessante, não quero pontos finais, explicações, me dou muito bem com minhas interrogações, sou muito feliz com minhas partes incompletas, a falta da certeza talvez seja minha maior carta na manga, não duvide disso, rs.

2 comentários:

P.Alain Quérette disse...

Muito bom. Parece muito comigo também. Achei interessante a parte que você falou sobre o quadro, pois não é necessário que você diga o que sinta, ou que sinta qualquer coisa. Simplesmente experimente e viva de fato cada coisa no presente. É assim que eu penso. O aqui e agora é o que existe de verdade. As descrições não servem pra muita coisa. O passado passou e o futuro não existe. Só existe você agora, onde quer que esteja, fazendo o que quer que esteja fazendo. Beijo!

T. Ferreira disse...

Com esse texto me senti cara a cara com um espelho, muito bom.